Sábado, 5 de Dezembro de 2009

Momento... 07/06/2008

 

Os últimos dias foram de muito trabalho para mim. O cansaço físico e também psicológico foi aumentando e simultaneamente a paciência foi diminuindo.
É bonito conhecer pessoas novas, conviver, ter hóspedes… mas recebê-los, ainda por cima, por vários dias, implica muita calma, paciência, coração e mente abertos e sempre com um sorriso na cara.
É muito difícil! Muito mesmo! Bom, positivo, mas difícil…
Mas torna-se ainda mais difícil quando queremos receber bem as pessoas e não temos meios para isso… quando temos que improvisar, usar a imaginação para tentar remediar e camuflar algumas das faltas de recursos.
E então chega-se a um ponto em que quase atingimos os nossos limites… limites de força, de paciência, de auto-controlo, quase também de sanidade…
Estes dias isso aconteceu-me, várias vezes. Num desses dias, depois de algumas dessas vezes, tive que sair para comprar algumas coisas para melhor “servir” os hóspedes… saí a pé e pelo caminho tive uma experiência “rejuvenescedora”: duas meninas felizes, abraçadas a cantar iam saltitando e sorrindo uma para a outra… uma cena que não teria nada de especial para mim, portuguesa, europeia, não fosse o facto de essas mesmas meninas terem vestidas roupas rotas, meio desajeitadas e muito sujas, com o cabelo meio no ar, e de o “pano de fundo” ser uma terra cor-de-laranja, coberta de lixo e entulho, e ser um pequeno caminho entre duas escolas da cidade de Bafatá, na Guiné-Bissau.
E sorri, com vontade, deixando-me invadir toda por aquele momento que me levou todos os cansaços e faltas de paciência e me fez ter vontade de “começar de novo”, como se os hóspedes não tivessem ainda chegado, mas que teria ainda que recebê-los partindo do zero, com toda a paciência.
De facto, sorri mesmo com vontade, não só porque as meninas sorriram para mim e me acenaram um adeus em mãos de criança, mas também porque pensei que canseiras como as que tive estes dias – não precisava vir até à Guiné para as ter, mas momentos como aquele, nunca me seriam possíveis em Portugal…
 
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sentido por Anjo da Noite às 00:47
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Quarta-feira, 15 de Julho de 2009

21-05-2008

Já passaram 4 meses desde que cheguei... agora a meta são os 5 meses...

 

No dia 18 (dia preciso do "aniversário"), tive uma grande dor de barriga depois do jantar... tive que vomitar tudo para ficar melhor... com uma diarreia das piores a acompanhar...

 

Nesse mesmo dia que tinha sido começado praticamente a chorar de grande frustração... porque nem sempre é fácil "estar em missão", porque nem sempre correspondemos às nossas próprias expectativa, porque nem sempre é fácil viver 24h por dia com alguém que não nos é nada e que vem do outro lado do mundo (ou quase), e ainda porque a tensão pré-menstrual é uma coisa que me afecta significativamente...

 

Mas lá passaram os 4 meses, vamos a caminho dos 5... e depois vêm os 6, que significa chegar a meio da caminhada... e eu com a sensação de que ainda não fiz nada!

 

Primeiro porque acredito que a minha missão até agora tem sido de preparação pessoal, de limar as minhas arestas mais difíceis... e só depois de essa tal pessoa voltar para o outro lado do mundo (ou quase) é que vou conseguir projectar a minha missão, a minha experiência, mais para o exterior.

 

Depois, porque o meu trabalho aqui não é propriamente aquele trabalho que uma pessoa jovem leiga, que parte em missão, idealiza.

 

Vim de espírito aberto, com a consciência de que deveria estar preparada para fazer o que fosse preciso...

 

E aconteceu que o meu trabalho aqui é mesmo "fazer o que for preciso", desde estar com a população, a estar com outros missionários, passando também muito por acolher hóspedes (na sua maioria estrangeiros), por preparar encontros, por tratar de algumas questões burocráticas, por cozinhar... enfim, "o que for preciso".

 

Mas se até certo ponto isso era frustrante e me fazia sofrer, com o passar do tempo fui percebendo que é um trabalho que também tem a sua beleza... e mais importante: que alguém tem que fazer; e neste momento, esse alguém sou eu.

 

Depois, outro problema é que todos os trabalhos que faço, não têm horários, nem dias certos, e ipor vezes, isso deixa-me um pouco perdida. Porque é acordar, ver o que é mais necessário nesse dia e fazê-lo, e só depois fazer as outras coisas.

 

Aí entra também o ritmo do próprio país, em que tudo se altera muito facilmente. O que agora é de uma forma, pode não sê-lo daqui a breves momentos.

 

Mas, no fundo, tudo é uma questão de tempo.

 

Com o tempo - tempo de estadia, tempo com os outros, tempo connosco mesmos, tempo de choros, de risos, de reflexões - vamos conseguindo encontrar o caminho que devemos seguir para não nos perdermos.

 

Com o passar do tempo, vamos conseguindo encontrar a melhor forma de lidar com as situações; vamo-nos desconstruindo do que eramos para construirmos um novo eu, mais adaptado àquela que é agora a nossa realidade.

 

Vamos também conseguindo entrar mais na dimensão da espiritualidade... numa certa mística, que será a nossa segurança nesta nova realidade cheia de inseguranças para o nosso "eu".

 

É essa espiritualidade que nos permite ser fortes o suficiente para avançar, sem ter medo... e passamos a sentir que de todas as vezes que deixamos de ser místicos, que nos afastamos da nossa espiritualidade, nos sentimos inseguros, e que é aí que desesperamos, pois é aí que deixamos de ter o nosso "porto seguro"; ou melhor, não deixamos de o ter, mas afastamo-nos dele, e quase nos perdemos.


sentido por Anjo da Noite às 22:56
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Anjo da Noite


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