Vaguear.
Caminhar, correr, andar...
Buscar sem saber bem o quê, sabendo que é mesmo isso que se quer encontrar.
Ouvir... escutar, guardar, e calar.
Deixar-se levar pelo vento, por vezes bem forte; outras vezes quase sem se sentir. Vento que abala, ou simplesmente embala.
Seguir por caminhos desconhecidos, por vezes entediantes, outras vezes emocionantes; ou seguir por caminhos conhecidos, muitas vezes entediantes, muitas vezes impostos, outras vezes seguros e pacificadores.
Dar, outras vezes receber. Esgotar-se e esgotar... cansar, cair, parar. Perder-se do seguimento da viagem... e novamente seguir, correr, encontrar.
Sempre, em ciclos mais ou menos regulares.
Girar, desconhecendo os detalhes da rota, apanhando bagagens perdidas noutras voltas e largando outras. Olhar em frente, ver o fim, outras vezes o princípio.
Tudo é relativo, tudo é incerto. No entanto, tudo se repete de forma irrepetível. Cada ser a seu modo; cada coisa a sua forma; cada processo o seu procedimento; cada gesto a sua definição.
E no fim, no fim de tudo, todos iguais.
Rio Gêba, Bafatá, GB
A noite está calma, em paz.
A serenidade sente-se na singularidade dos seres adormecidos... Está luar e as estrelas acentuam-se intensamente no escuro do céu.
Pelo ar, apenas fantasmas vagueiam solitários... procuram quem os acolha e sabem onde procurar.
Ouve-se o vento, ao de leve... de mansinho... pacífico, mas com uma tremenda vontade de soprar, de correr, de gritar...
A Natureza permanece... assim... muda e quieta... à espera. Espera o fim da noite, espera a partida dos fantasmas, espera o sol. Imensa, infinita, mãe e senhora de tudo, mas humilde, calada, submissa. Assim permanece... porque assim quer permanecer. Tudo controla, tudo origina e tudo abarca... mas não se incomoda e espera.
Espera e volta a esperar, porque sabe que o ciclo é perfeito e depois do fim vem um novo príncipio.
Mas cala-se e chora em silêncio. Chora porque tudo conhece, tudo presencia e tudo sente.
Não deixa que ninguém a veja chorar, mas chora - de tristeza, angústia e medo. Ela sabe que até ela, poderosa, majestosa, tudo controla e tudo sabe e talvez por isso permanece. Quieta e silenciosa.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.