Atrevo-me a escrever que talvez perceba uma das reflexões a que se referia essa grande alma criadora...
Realmente ao longo da vida vamos dividindo a nossa alma em várias... criamos uma alma para cada contexto que habitamos... e vamo-nos repartindo.
Chegamos a um ponto em que já não sabemos mais onde pertencemos... queremos assumir cada parte da alma que temos, mas é difícil...
Uma alma tão repartida acaba por se desintegrar, e acabamos por ficar perdidos por entre os mil caminhos que traçamos...
E com tantos mundos para viver acabamos por não viver.
Queremos habitá-los todos, se possível ao mesmo tempo... mas eles entram em confronto e alguns contradizem-se... e não conseguimos habitar nenhum...
E nesse emaranhado de caminhos, de viveres, de emoções, vai crescendo um vazio... um vazio que se torna tanto maior quanto a vontade de querer viver em todos os lugares... e acabamos por não viver verdadeiramente em nenhum...
De tão intensamente que queremos viver, torna-se superficial a nossa existência...
De tanta vontade que temos em deixar a nossa marca, acabamos por perder os melhores momentos... Porque corremos, não paramos de andar de um lado para o outro, de querer fazer e viver tudo e sempre...
E acabamos mesmo por não fazer nada, por não viver nada...
A única coisa que se vai acentuando é o vazio – um vazio cá dentro que tanto ansiou a intensidade que lhe permitiu passar dos limites...
Não há retorno, apenas solidão... E agora tudo depende do que fizermos para ultrapassá-la ou para conseguir viver com ela...
E chega-se à derradeira conclusão de que é quando pensamos ter tudo, fazer tudo, conseguir tudo...
É precisamente aí que não temos nada...
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